Presidenciável do PDT, Ciro Gomes afirmou ter agido em “legítima defesa” no episódio em que empurrou e xingou um homem que lhe dirigiu uma pergunta em Boa Vista (RR), ocorrido no fim de semana. “Ele estava a serviço de Romero Jucá e colou um adesivo no meu peito. Poderia ser uma facada, como a que atingiu o [Jair] Bolsonaro [PSL]. Está gravado, eu o empurrei em defesa própria”, disse. “Não tenho sangue de barata e não quero ter. Eu falo palavrões. Em legítima defesa, falo palavrões.” As declarações foram dadas em entrevista ao Jornal da Globo, na madrugada desta terça-feira, 18. Ciro negou que o episódio demonstre descontrole de sua parte. “Aponte um momento em que eu, ocupando cargo público, tenha ofendido alguém. Não podem me chamar de ladrão nem de incompetente, então dizem isso”. O candidato voltou a chamar o candidato a vice-presidente na chapa com Jair Bolsonaro, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), de “jumento de carga”, por estar “insuflando um golpe no país” por suas declarações a respeito do processo político. Questionado sobre a declaração, dada na semana passada, de que prenderia o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, pelas declarações de que a legitimidade da eleição poderia ser questionada, Ciro disse que “estaria apenas seguindo a lei”. “A Constituição Brasileira diz que é impróprio que um comandante militar expresse sua opinião política. É próprio que um comandante militar, num país que tem a tradição lamentável que nós temos, fique tutelando o processo político? E para quê? Para insuflar o medo na população? Eu não tenho medo dele, não”, afirmou o candidato. Ciro também reiterou as críticas que vem fazendo à oficialização de Fernando Haddad como candidato à Presidência pelo PT. “Lula escolheu o Palocci, escolheu a Dilma. O Michel Temer, ele cravou na linha de sucessão. O Haddad é meu amigo pessoal, mas como o povo vai ter sossego? Quero ajudar o Brasil a achar o caminho sem radicalismo. Gostaria muito que Lula estivesse solto para que pudéssemos estabelecer um debate. Ele não é nem um satanás, nem é esse deus em que certa ala do PT quer transformá-lo”, argumentou. Questionado sobre o aval do STF ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, que ele classifica como golpe, Ciro recordou que “o golpe de 64 também foi aprovado pelo Supremo.” Economia Sobre sua promessa de que revogaria uma eventual fusão entre a Boeing e a Embraer, Ciro afirmou que estaria apenas exercendo o poder permitido pelas ações conhecidas como Golden Share. “Na hora de render bilhões de dólares, estão permitindo que a Boeing feche a Embraer. Sou nacionalista, não quero estatizar a Embraer. Ela foi privatizada e não quero mudar isso. Ela tem mercado cativo de US$ 20 bilhões. O Brasil só tem tecnologia de exportação na área de petróleo e aviação. Como vamos pagar a conta dos dólares que entram no país? Com [exportação de] minério de ferro bruto?”, questionou. Ciro disse ainda que pretende revogar a reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer. “Desde a aprovação dessa reforma, o Brasil perdeu 900 mil empregos. A reforma foi aprovada pelo Senado com a promessa de que teria artigos vetados pelo governo, o que não aconteceu”, criticou. Questionado sobre sua proposta de tirar 63 milhões de pessoas do SPC, o candidato afirmou que este é “um problema de macroeconomia”. “Precisamos reativar o principal motor da economia, que é o consumo das famílias. Mas essa é só uma parte do programa. O restante ninguém comenta. Lá está incluído também o compromisso de retomar 2 milhões de empregos a partir da construção civil e também consertar as contas públicas”, afirmou. Sobre eventuais dificuldades para negociação com o Congresso, no qual seu partido deverá ser minoritário, Ciro mais uma vez elencou sua experiência política anterior. “Já fui governador, prefeito, lidei com deputados, vereadores, negociei o projeto de transposição do São Francisco. Além disso, a elite brasileira já está dando o voto por resolvido. Penso que cabe ao eleitor mandar para o Congresso quem ele quer, e eu estou ajudando o povo brasileiro a amadurecer seu voto”. Com informações do Portal Uol Notícias
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