Números da covid-19 no Cariri preocupam Governo do Ceará

 


As declarações mais recentes do governador Camilo Santana e do secretário estadual de Saúde, Dr, Cabeto, têm sido marcadas por expressões como “exceto no Cariri” ou “a realidade no Cariri é diferente”. Isto porque a macrorregião de saúde caririense continua, desde meados de abril, liderando em índices que preocupam o Estado com relação à pandemia. Entre eles, estão a quantidade de pessoas que testam positivo para a covid-19 e a  demanda por leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e enfermarias. “No geral, continua a procura assistencial em queda, queda no número de casos e queda no número de óbitos, a transmissão está estável, mas ainda continua a grande preocupação com a região do Cariri”, disse o governador do Ceará, Camilo Santana, ao anunciar o novo decreto, no último fim de semana.

Durante a apresentação das decisões do governo estadual, o secretário de Saúde, Dr. Cabeto, chamou a atenção para o decréscimo de casos em Fortaleza, que “têm caído sistematicamente”, de modo que a cada 10 exames realizados na capital, apenas dois têm sido positivos. “A realidade no Cariri é um pouco diferente. Embora tenha havido redução - tivemos semana passada [redução de] mais de 50%, [hoje] temos valores de 45%. Ou seja, quase metade das pessoas que fazem exame com swab nasal [no Cariri] resultam positivo”, explica o secretário.

Ainda de acordo com o secretário, todas as cinco macrorregiões de Saúde do Ceará apresentam redução da taxa de transmissão da covid-19. O índice, segundo o gestor, indica se a pandemia está em crescimento, em platô ou reduzindo. Os dados mais recentes divulgados pela Sesa, analisando o período de 13 de abril a primeiro de junho, demonstram uma taxa de transmissão no Cariri que oscila entre 1,03 (entre o final de abril e o começo de maio) e de 0,92 no período mais recente, de 12 de maio a 1º de junho. “Quando a razão de transmissão é menor do que um, isso é um bom sinal, é sinal de estabilização. No Ceará, vemos em todas as regiões uma certa estabilidade, abaixo de um. Mas não há redução sistemática em relação a semanas anteriores”, alerta. 

Cabeto ainda se reportou, sem mencionar diretamente, à iniciativa do presidente Jair Bolsonaro de desobrigar pessoas vacinadas do uso de máscaras. Conforme o secretário de saúde cearense, os números atuais mostram “que devemos ser ainda prudentes em relação às ações, ao controle social, às medidas de isolamento, ao uso sistemático de máscara. Para deixar de usar máscara, você precisa ter um ambiente com baixa transmissão viral”, conclui o secretário.

Assistência e vacinação

Os dados apresentados pelo Governo do Ceará, na sexta-feira, também apontam para redução da demanda por atendimentos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e leitos de enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), exceto no Cariri. Segundo Cabeto, que atribui a queda na demanda assistencial à vacinação, que já surte efeitos no Estado, ao serem comparadas as informações do Ceará com os dados do Cariri, “a gente já não consegue a mesma realidade, onde temos, ainda, crescimento dos atendimentos nas UPAs, em leitos de UTI, principalmente na área pública, e do número de leitos de enfermaria. Isso faz dizer que, apesar da estabilidade da transmissão, não temos, ainda, uma repercussão positiva na região do Cariri no que se refere aos dados assistenciais”, conclui o secretário. Atualmente, 22 pessoas aguardam transferência para enfermarias e o mesmo número para leitos de UTI no Cariri. 

A vacinação segue em avanço na região. Com uma população pouco superior a um milhão de habitantes, 94% do grupo prioritário já foi imunizado: 239.101 doses aplicadas de 226.253 distribuídas. Seis municípios já aplicaram todas as vacinas previstas para grupos prioritários, tanto em primeira como segunda doses: Aurora, Lavras da Mangabeira, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda e Porteiras. As secretarias de Saúde caririenses aguardam a chegada de novas doses, inclusive dos novos imunizantes Janssen e Sputnik V para ampliar a vacinação.

Segundo Magda Almeida, secretária-executiva da Vigilância em Saúde do Ceará, a campanha de imunização no Estado será feita, a partir de agora, por meio da ordem decrescente de idade. “Atualmente, o único grupo que vai permanecer são as gestantes e puérperas. Os demais serão feitos por ordem de idade”, explica. 

Enquanto dão sequência à imunização, municípios como Juazeiro do Norte e Crato intensificam o enfrentamento ao coronavírus, por meio de fiscalização efetiva contra aglomerações. Responsável pelo setor em Juazeiro, Eraldo Oliveira descreveu a situação do comércio no último sábado (12), Dia dos Namorados. “Muita gente de outras cidades percorrendo rua acima e rua abaixo, estacionamentos paralelos lotados, dificuldades para manter todas as lojas com suas portas baixas, o que é realmente ruim, porque se traduz pessoas que não entenderam a dificuldade que temos com relação ao controle da disseminação da covid-19”, conta Eraldo. Segundo a gestão municipal juazeirense, a fiscalização tem contribuído para a queda de casos e internações. No comparativo entre as duas semanas, os casos reduziram de 204 para 183 e as internações de 70 para 63.


Com informações do Jornal do Cariri/ Robson Roque


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