Foto/reprodução UOL |
Nos bastidores, o clima é de apreensão. Eventual afastamento temporário de Dilma Rousseff (PT) da presidência da República após primeira votação no Senado, marcada para o dia 11, preocupa governistas cearenses sobre o cenário que pode se desenhar no Estado a partir dele. Oficialmente, porém, o discurso predominante procura passar de tranquilidade.
“Continuaria do mesmo jeito”, afirma o governador Camilo Santana (PT) sobre um Ceará pós-Dilma. Na agenda dele das últimas semanas, no entanto, registra uma maratona de visitas a Brasília para garantir recursos que não se sabe ao certo se viriam em um governo de Michel Temer (PMDB). A perspectiva é difícil de ser traçada e combatida por opositores do Governo, que defendem que mudança deverá ser, pelo contrário, positiva para o Estado.
Em entrevista exclusiva ao O POVO, Camilo disse que relação do governador com o presidente é apenas “institucional” e que “espera” que Temer veja o Ceará da mesma forma “republicana” com que Dilma enxergava “todos os estados brasileiros”. Aliados, porém, reconhecem que a boa relação de Camilo com a presidente facilitava investimentos para o Estado.
É o que argumenta o ministro da Comunicações e presidente do PDT no Ceará, André Figueiredo. “Certamente não teremos tanta facilidade em trazer recursos ao Estado a partir de quarta-feira (11)”, afirmou. Para ele, é “bastante possível” que o Ceará perca com saída de Dilma. Figueiredo também pontua relação institucional que deve ser mantida entre o governador e o presidente da República, independente de partido, mas desconfia. “(Com o Temer) não vai ter a boa vontade que hoje existe no Governo Federal”, disse.
Quem concorda com Figueiredo - que, com a saída de Dilma, deve deixar o ministério e voltar para a Câmara dos Deputados -, é o deputado federal petista José Airton, que vê a possível troca de governo com “muita preocupação”. Para ele, a “população do Ceará” é quem mais vai sofrer com com o Temer, pois ele desconheceria “realidade da profunda desigualdade entre os estados do Nordeste”.
Líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT) é mais ponderado. Embora acredite que o Nordeste como um todo pode sofrer com Temer na presidência, afirmou que luta para garantir recursos para o Ceará continua. “Para nós não altera em nada a determinação de defender os projetos para o Estado”.
Quem ganha
Apontado como principal quadro que se fortalece com saída de Dilma no Estado, Eunício Oliveira, líder do PMDB no Senado e presidente da legenda no Ceará, argumentou que preocupações são indevidas. Para o senador, o discurso de “medo” é mentiroso, pois serviria para encobrir um Estado que, “hoje, é um canteiro de obras inacabadas” e que “já está completamente abandonado com um presidente e um governador que são do PT”. “O Camilo não conseguiu ser eficiente num governo que era dele”, disse.
Eunício também ponderou, afirmando que a legenda pode não conseguir recuperar e “botar para funcionar tudo que está parado no Ceará”, mas que “a culpa não será do PMDB”. Para ele, ao contrário, o partido representa “esperança para recuperação do Ceará”.
Com informações do Jornal OPOVO
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