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A presidente afastada Dilma Rousseff vai se reunir nesta terça-feira, 14, com senadores e representantes de movimentos sociais para discutir a proposta de uma consulta popular sobre a realização de novas eleições. Dilma quer aproveitar o ambiente de crise instalado pelos pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), para tentar ganhar votos de parlamentares indecisos ou favoráveis ao impeachment.
Segundo senadores, o clima de "fim do mundo" causado pelos pedidos de prisão feitos pela Procuradoria-Geral da República e pela sombra da delação premiada de executivos da Odebrecht na Lava Jato criou um ambiente mais favorável para que a tese da realização de novas eleições ganhe espaço no Senado.
Na quinta-feira passada, Dilma admitiu em entrevista à TV Brasil a possibilidade de um plebiscito, caso consiga reverter a votação do processo de impeachment no Senado.
Dois dias antes o senador Roberto Requião (PMDB-PR), contrário ao afastamento da petista, realizou um jantar em seu apartamento, que reuniu cerca de 25 outros senadores. "Tinha 30 pessoas na minha casa, todos fechados com o plebiscito e novas eleições. No fim dos 90 dias de interinidade pode chegar a 40", disse Requião.
'Motivo'
Segundo ele, vários parlamentares estão descontentes com o início do governo do presidente em exercício Michel Temer. "A distribuição de poder nos Estados desagradou a muita gente. Tem senador que só precisa de um motivo, de um ponto de apoio, para votar contra o impeachment", afirmou.
Dilma precisa dos votos de 27 senadores para voltar ao cargo. Segundo o Placar do Impeachment do jornal O Estado de S. Paulo, hoje ela teria 18 votos. Temer precisa do voto de 54 senadores e tem 37.
Parlamentares que votaram a favor do afastamento da petista e declaram voto pelo impeachment - como Álvaro Dias (PV-PR) - admitem, agora, que a tese das novas eleições ganhou fôlego.
"O plebiscito é uma forma de aplacar a consciência de alguns senadores que querem votar contra o impeachment, mas temem a repercussão negativa. Há alguns não desejosos de votar pelo impeachment", afirmou Dias.
O senador Dário Berger (PMDB-SC), que também declara voto a favor do impeachment, é simpático à iniciativa, mas acha que ela é tardia. "Simpatizo com a ideia, mas a gente não vive de simpatia, só simpatizar não basta", disse o peemedebista. Berger calcula que há 30 senadores que apoiam a ideia.
Além de representantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, vão participar da reunião com Dilma um grupo de senadores de diversos partidos que defendem as novas eleições, entre eles Requião.
Este grupo tem procurado parlamentares descontentes desde a semana passada pedindo assinaturas para um documento em favor do plebiscito.
Para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), é tarde demais para Dilma propor uma consulta popular sobre novas eleições. O peemedebista avalia que a petista deveria ter sugerido a ideia antes do processo de impeachment ser instaurado.
Eunício revelou que há alguns meses o PMDB cogitou buscar um acordo com a então presidente nesse sentido, mas acredita que com o processo de afastamento praticamente concluído uma nova votação iria prejudicar o País.
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