Sob pressão, comissão do impeachment no Senado começa a trabalhar hoje

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ; à esq.), ao lado de Renan Calheiros (PMDB-AL) (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

A comissão especial do Senado que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff começa seus trabalhos nesta segunda-feira (25), às 16h.

O primeiro ato previsto é a eleição de presidente e relator. Os nomes indicados, que serão votados pelos demais membros da comissão, são Raimundo Lira (PMDB-PB) para a presidência, e Antônio Anastasia (PSDB-MG) para a relatoria. 

Na terça, deve ser instalada a comissão. O grupo terá, então, até 10 dias úteis para apresentar parecer sobre o processo de impeachment, indicando se ele deve ou não ser admitido no Senado. Enquanto a oposição trabalha para que o rito seja rápido, como na Câmara, o governo tenta retardar o processo ao máximo.

A Câmara dos Deputados aprovou o processo no último domingo, mas é no Senado onde ocorre de fato o julgamento da presidente.
Eleição de presidente e relator

Os 21 nomes que formam a comissão foram indicados pelos blocos partidários, que são os grupos formados por alianças entre os partidos no Senado.

Por ter o maior bloco, o PMDB indicou Lira para a presidência. Já o PSDB indicou Anastasia para a relatoria.

O nome de Lira parece ter agradado aos parlamentares do PT. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) elogiou a escolha para a presidência da comissão.

O senador petista, porém, criticou a indicação de Anastasia como relator. Segundo ele, Anastasia já tem uma posição fechada em torno do impeachment e não teria a "imparcialidade" necessária para conduzir o processo.

Veja o número de vagas de cada bloco e os integrantes titulares:

PMDB – 5 vagas: Raimundo Lira (PB), Rose de Freitas (ES), Simone Tebet (MS), José Maranhão (PB) e Waldemir Moka (MS)
PSDB, DEM e PV – 4 vagas: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Ronaldo Caiado (DEM-GO)
PT e PDT – 4 vagas: Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Pimentel (PT-CE) e Telmário Mota (PDT-RR)
PSB, PPS, PCdoB e Rede – 3 vagas: Romário (PSB-RJ), Fernando Bezerra (PSB-PE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB)
PP, PSD – 3 vagas: Ana Amélia (PP), José Medeiros (PSD) e Gladson Cameli (PP)
PR, PTB, PSC, PRB, PTC – 2 vagas: Wellington Fagundes (PR-MT) e Zezé Perrela (PTB-MG)

Pressão no Senado

O presidente da Senado, Renan Calheiros, tem recebido pressão de membros da oposição para que o rito do impeachment corra rápido, da mesma forma que aconteceu na Câmara. Políticos a favor do impeachment queriam que a comissão já tivesse começado seus trabalhos na semana passada.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário do governo e responsável por fazer o processo passar rapidamente pela Casa, também deu declarações de que a Câmara não votaria nada relevante antes de o processo de impeachment passar pelo Senado.

Em resposta, Renan Calheiros, criticou abertamente Cunha pelo que classificou como "interferência" no ritmo do impeachment. "Quanto mais o presidente da Câmara tentar interferir no rito do andamento do processo no Senado, sinceramente, ele só vai atrapalhar", afirmou.
Prazos

O parecer da comissão deve ser votado pelo plenário do Senado. Para que o processo seja aberto, é preciso o apoio da maioria simples dos senadores, ou seja, a maioria dos parlamentares presentes, desde que haja um mínimo de 41 senadores na sessão. Com a presença dos 81 senadores, são necessários 41 votos para aprovar o impeachment.

Apenas se o processo for aceito no Senado é que a presidente Dilma fica afastada temporariamente de suas funções. Cabe aos senadores realizar o julgamento sobre se as denúncias contra a presidente justificam o seu impedimento do cargo.

Se condenada, a presidente tem o mandato cassado e fica proibida de disputar cargos públicos por oito anos. Se for absolvida, a presidente retoma o cargo. No período do afastamento temporário assume o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

Fonte: UOL

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